A Comida Afetiva e a Jornada da Culinária Inclusiva
31.mar.2021O conforto emocional nos alimentos que consumimos
Acredito que você consiga, ao fechar os olhos, lembrar daquela comida que sua mãe, pai, avó, tio, madrinha preparava para o almoço ou lanche da tarde. Talvez até consiga sentir o cheiro do bolo saindo do forno, daquela carne assada para o almoço, da coxinha da cantina da escola.
Pode ser até que você tenha participado do preparo desses alimentos na infância. Ou observado todo esse processo de preparação com essas pessoas.
Provavelmente você também, ao fazer esse exercício, consiga se lembrar daquela comida deliciosa que experimentou em uma viagem que te marcou, ou comeu em uma celebração íntima, ou com os amigos.
Tudo isso é comida afetiva.
A tal comida afetiva
A nossa relação com a comida está diretamente relacionada ao nosso bem estar e às nossas emoções. Não só pelo sabor, mas por tudo o que está envolvido: há o ritual do preparo, de experimentar, de sentar à mesa (ou não), de quem estava com você em todo esse processo. Do quão importante foi aquele momento para você.
Tudo isso faz com que alguns alimentos nos tragam boas lembranças.
Essa nostalgia, essa capacidade que o alimento tem de nos transportar a momentos marcantes da nossa vida, é o que nos faz chamar algumas comidas de comida afetiva, ou comfort food.
E não estamos falando necessariamente da comida caríssima daquele restaurante que você foi uma vez. As vezes é um prato de sopa batida na frente da tv debaixo das cobertas que você comia com sua avó. Aquela pipoca queimada que seu tio fazia após a escola para você e seus primos. O prato especial tradicional da família feito apenas numa época do ano como Natal, Ano Novo ou Carnaval.
Por isso, muitas vezes recorremos a estes alimentos em momentos que precisamos de conforto, ou queremos apenas reviver momentos memoráveis.
A memória afetiva e as restrições alimentares
Essa relação afetiva com a comida é diretamente afetada quando recebemos um diagnóstico de restrição alimentar. Seja ao glúten, leite, ovos, soja, amendoim, castanhas, peixes, crustáceos, milho, não importa.
Nessa hora bate aquele medo de nunca mais poder comer algo muito amado e querido em nossa história.
Nem sempre é fácil adaptar pratos sem os ingredientes tradicionais. Mas aí, o amor, a dedicação e a criatividade imperam!
Quando há uma restrição alimentar a comida afetiva se torna um dos grande objetivo dessas famílias. Todo mundo quer ver quem você ama bem e incluído.
Não é à toa que tantas mães vão fazer cursos de culinária inclusiva, que os grupos de apoio no Facebook são lotados de receitas. É comum pessoas que não sabiam cozinhar, aprendem e conhecem ingredientes inéditos. Que muitos mudam hábitos alimentares de toda a casa para continuar permitindo essa inclusão afetiva.
E é assim que essas famílias vão criando novas histórias, novos vínculos, novas receitas, novas memórias, novas comidas afetivas.
A Mandala Comidas surgiu a partir do desejo de uma mãe em proporcionar a inclusão alimentar e o acesso às comidas afetivas a seus filhos e a outras famílias com alergia e intolerância alimentar.
A Mandala e a jornada da Comida Inclusiva
A Mandala Comidas Especiais nasceu nessa jornada da busca da comida afetiva pela comida inclusiva.
Não é por acaso que o propósito da empresa é incluir pessoas ao excluir ingredientes.
Agora em abril de 2021 a Mandala comemora 6 anos de existência. Desde o início dessa jornada, a grande preocupação foi preparar alimentos que, além de seguros, fossem feitos com afeto e sabor.
Um fato curioso é que o primeiro prato criado na Mandala, cuja criadora vem de uma família portuguesa que celebra a Páscoa anualmente com bacalhau, foi uma criação 100% baseada nos princípios da comida afetiva acolhida pela comida inclusiva: Frango à Portuguesa, que permanece no cardápio entre os mais vendidos. Esse prato simula os sabores, aromas, ingredientes e modo de preparo do tradicional prato lusitano, substituindo o bacalhau por peito de frango.
Este foi o modo que a fundadora encontrou de dar esse conforto e permitir compartilhar deste prato tão cheio de significado com todas as famílias que começavam a atender.
E qual é a sua jornada na Comida Afetiva Inclusiva?
Conta pra gente: quais são as receitas afetivas da sua família e como você as adaptou para fazer uma comida inclusiva?
Que tal compartilhar essas receitas com a gente?
Se vocês compartilharem as receitas e as fotos dessas delícias, a Mandala organiza um livro com todas elas!
Bora incluir pessoas junto com a gente excluindo ingredientes?
Por Adriana Fernandes e Bárbara Oliveira, para Mandala Comidas Especiais.
Admiro imensamente o trabalho de vocês. Aqui em minha casa não temos restrição alimentar, e mesmo assim adoro as comidinhas e sempre indico pra todas as pessoas que conheço, porque são deliciosas e sinto daqui o carinho com que são preparadas.
Ficamos muito felizes em saber, Ligia!! Com certeza fazemos com muito carinho tudo que preparamos!